Em novas críticas à reforma trabalhista, o líder do PMDB no Senado,
Renan Calheiros (AL), declarou nesta quinta-feira, 27, que o texto não
passará no Senado da forma como foi aprovado na quarta-feira, 26, na
Câmara dos Deputados. O peemedebista também afirmou que não é “da melhor
tradição o presidente da República não falar aos trabalhadores no 1º de
maio”.
“Não acredito que essa reforma saia da Câmara e chegue aqui, ao
Senado Federal – reforma de ouvidos moucos -, sem consultar opiniões;
reforma que só interessa à banca, ao sistema financeiro, rejeitada em
peso e de cabo a rabo pela população; reforma tão malfeita, que chega a
constranger e a coagir a base do próprio Governo. Por isso ela vai e
volta, de recuo em recuo”, declarou.
Renan avalia que a reforma é “injusta”, porque retira direitos dos
trabalhadores. “Ela rebaixa os salários. Isso é sua consequência mais
imediata e perversa. Ela pretende deixar o trabalhador sem defesa,
condenado a aceitar acordos que reduzem a remuneração, suprimem
reajustes e revogam garantias no emprego Todos sabemos que acordos
forçados em plena recessão, com 13 milhões de desempregados e com o
desemprego aumentando mês a mês, é pedir que se aceite a crueldade como
caridade”, criticou
O peemedebista rebateu o argumento do governo de que a flexibilização
das leis trabalhistas poderia aumentar a empregabilidade no País. “Esse
discurso é usado para seduzir uma parcela da sociedade e garantir o
avanço da retirada de direitos Querem um Brasil para 70 ou 80 milhões de
pessoas. Somos 200 milhões e não podemos simplesmente fazer de conta
que não existem 120 ou 130 milhões de pessoas. Com essa reforma, elas
podem voltar a ficar excluídas; são empurradas de volta para guetos onde
padece a legião de ‘ninguéns'”, continuou.
Para Renan, a proposta vai aprofundar a desigualdade social. O líder
do PMDB sugeriu que, em vez de votarem a reforma trabalhista, os
parlamentares deveriam apreciar projeto que põe fim aos salários acima
do teto na administração pública, os chamados supersalários. A proposta
foi aprovada no Senado no final do ano passado. “Reforma justa seria uma
reforma que retirasse privilégios. E os há, senhoras e senhores, demais
neste País, são privilégios inconcebíveis. Os supersalários pagos com
dinheiro público são o exemplo mais ostensivo e ofensivo à cidadania no
Brasil.”
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