A força-tarefa da Operação Lava Jato pediu ao juiz federal Sérgio
Moro que determine uma análise do conteúdo das caixas “praia” e “sítio”.
Elas estão guardadas na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em
São Bernardo do Campo (SP), e contêm parte do acervo do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (2003/2010).
Uma outra parte dos bens que o petista chama de “tralhas” e alega ter
recebido de presente quando exerceu seus dois mandatos está
acondicionada em um cofre no Banco do Brasil, no Centro velho de São
Paulo.
“Praia” e “sítio” seriam referências ao tríplex do Guarujá e ao Sítio
Santa Bárbara, em Atibaia, no interior paulista, segundo os
investigadores da Lava Jato. Os dois imóveis são alvo de investigação
sobre o ex-presidente.
Lula é acusado corrupção passiva e lavagem de dinheiro no esquema de
cartel e propinas na Petrobras. Denúncia do Ministério Público Federal
sustenta que ele recebeu R$ 3,7 milhões em propinas – de um valor de R$
87 milhões de corrupção na estatal petrolífera – da empreiteira OAS,
entre 2006 e 2012.
As acusações contra Lula são relativas ao suposto recebimento de
vantagens ilícitas da OAS por meio de um tríplex no Condomínio Solaris,
no Guarujá, litoral de São Paulo, e ao armazenamento de bens do acervo
presidencial, mantidos pela Granero de 2011 a 2016.
O petista também é investigado pela suposta propriedade do Sítio
Santa Bárbara, em Atibaia. Os investigadores suspeitam que o petista é o
verdadeiro dono da propriedade rural que recebeu benfeitorias
patrocinadas por empreiteiras, entre elas a OAS e a Odebrecht, e pelo
pecuarista José Carlos Bumlai – amigo do ex-presidente que foi preso no
dia 24 de novembro na Operação Passe Livre, desdobramento da Lava Jato.
Em ofício a Moro, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC pediu que “o
depósito onde estão armazenados os bens do acervo pessoal do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, anteriormente armazenados na
Granero Transportes’ fosse liberado. O sindicato informou que o local
está lacrado.
A PF afirmou em laudo anexado à Lava Jato que o depósito “não possui
condições de segurança que permitam que seja lacrado, haja vista que o
local é compartilhado com outras utilizações”.
Com base no laudo da Federal, a Procuradoria da República pediu “a
intimação do solicitante (Sindicato dos Metalúrgicos do ABC) para que
informe se há separação física do local onde estão armazenados os bens
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (mediante comprovação
fotográfica, inclusive), pugna seja determinada a preservação física das
caixas, no estado em que se encontram, uma vez que se trata de
elementos probatórios de crimes em apuração na ação penal”.
“Ao mesmo tempo, requer a intimação da autoridade policial
subscritora do laudo para que informe se e em que termos foi realizada a
lacração do depósito”, diz o ofício da força-tarefa.
“Considerando o constante da decisão prolatada, requer seja
determinada a verificação e análise do conteúdo, ainda que por
amostragem, das caixas em que estão grafadas as palavras ‘Praia’ e
‘Sítio’, tendo em vista possível interesse dos objetos para as
investigações em curso.” Lula sempre negou ser proprietário do
apartamento do Guarujá e do sítio localizado em Atibaia.
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