Alda é tia do atirador que matou cinco pessoas, em Campinas — Foto: Fernando Evans / G1 |
Uma tia do atirador da Catedral Metropolitana de Campinas (SP) contou
nesta quarta-feira (12) que o sobrinho frequentou a igreja católica por
um período e foi "uma criança alegre". Além disso, uma moradora do
condomínio onde ele residia, em Valinhos (SP), relatou atritos
frequentes e uma relação de medo com o homem que matou cinco pessoas e deixou outros três feridas.
Euler Fernando Grandolpho, de 49 anos, entrou na igreja por volta das
13h de terça-feira e, logo após uma missa, abriu fogo e atingiu oito
pessoas e cometeu suicídio. Ele foi enterrado no Cemitério Flamboyant,
que ficou isolado a pedido da família durante a despedida.
A partir de vários relatos, o G1 reuniu informações sobre o que se sabe do perfil dele. Veja abaixo:
Qual a relação do atirador com a igreja?
Alda Grandolpho, de 82 anos, afirmou que a família é católica, e que o
atirador foi frequentador da igreja por um período, mas se afastou ao
longo do tempo. Ela é irmã do pai do autor do crime.
É um verdadeiro choque. Um negócio desse, na Catedral, a gente é de uma família religiosa, sempre foi religiosa, e de repente acontece um negócio desse. Vai saber o que se passou na cabecinha dele", lamentou.
Euler Fernando Grandolpho, de 49 anos — Foto: Reprodução/Facebook |
Qual o histórico familiar?
O atirador vivia com o pai em um condomínio de Valinhos (SP). Ele
perdeu a mãe, há oito anos, e o irmão, vítima de leucemia, em abril de
2017. A tia afirmou que Euler foi uma criança "boa", "alegre com todo
mundo", e que não desconfiava do comportamento dele.
"Sempre foi uma pessoa normal. Parece-me que ele falou para uma pessoa [depois ela cita a cunhada do atirador]
que a mãe já tinha falecido, o irmão também, e ele não teria mais
motivo para viver. Não sei se isso tem a ver", afirmou a idosa.
O que ele estudou e onde trabalhava?
Em um perfil da rede social consta que Euler fez parte da primeira
turma de Publicidade e Propaganda da Unip, em Campinas, e também estudou
no Colégio Técnico da Unicamp (Cotuca).
Aprovado em concurso público, o atirador foi assistente de promotoria
no Ministério Público de São Paulo onde, segundo o órgão, exonerou-se em
julho de 2014.
De acordo com a Polícia Civil, ele também era analista de sistemas, mas não trabalhava desde 2015.
O atirador cometeu crimes antes do ataque?
Grandolpho não tinha antecedentes criminais, mas, por outro lado,
registrou boletins de ocorrência por perseguição e injúria, de acordo
com a Polícia Civil. As datas não foram confirmadas.
Ele conhecia as vítimas?
Segundo a polícia, "aparentemente" não havia relações entre o atirador e as pessoas mortas.
Como era a vida social dele?
De acordo com o delegado José Henrique Ventura, a família informou que o
atirador era bastante recluso, costumava ficar isolado no quarto, saía
muito pouco de casa . "Tinha um perfil muito estranho, era muito
fechado", afirmou.
Como era a relação com vizinhos?
Uma moradora do condomínio onde o atirador residia com o pai contou
sobre atritos frequentes e uma relação de medo com Euler. Segundo ela, o
homem foi alvo de reclamações após jogar ovos na casa de vizinhos e por
direcionar câmeras de monitoramento para uma das casas.
"Eu tinha medo dele, muito medo dele [...] Ele já andou no meu quintal,
já fez tanta coisa na minha casa, então ele podia ter matado eu, minha
filha, meu marido, meu filho. Então, a gente fica muito triste, muito
sensibilizado, porque ele levou pessoas inocentes que estavam na casa de
Deus."
Segundo a Polícia Civil, foi constatado no celular do atirador que ele
costumava fazer ligações à Polícia Militar para reclamar de vizinhos do
condomínio. Os motivos não foram confirmados.
Fez tratamento psicológico?
Segundo a polícia, o atirador fez tratamento contra depressão e a
família temia que ele cometesse suicídio. De acordo com Ventura, os
investigadores descobriram que o atirador fazia um "diário" onde anotava
placas de carros e outras informações sobre supostas perseguições a
ele.
"Ele tinha um perfil de se sentir perseguido. Chegou a registrar
boletins de ocorrência e segundo consta, até em função desse perfil, que
poderia vir de uma depressão, ele fez uma consulta no CAPS que é um
centro de apoio psicossocial para tratar disso", afirmou o delegado.
FONTE - GLOBO.COM
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