O dado é resultado de uma pesquisa inédita feita pelo Monitor do Debate Político no Meio Digital, da USP (Universidade de São Paulo)
Você tem um tio que fica mandando notícias falsas no grupo de família? Você não está só. Metade dos boatos que circularam no WhatsApp sobre a vereadora carioca assassinada no mês passado, Marielle Franco (PSOL), foi em grupos de família.
O dado é resultado de uma pesquisa inédita feita pelo Monitor do
Debate Político no Meio Digital, da USP (Universidade de São Paulo), com
respostas de 2.520 pessoas a um questionário online elaborado pelo
grupo. A metodologia se baseia em um estudo israelense que procurou a
origem de boatos espalhados pelo WhatsApp após o sequestro de três
jovens israelenses na Cisjordânia em 2014.
Após filtrar os dados e restringi-los aos boatos mais disseminados,
segundo os resultados, os pesquisadores reuniram 1.145 respostas de
pessoas que disseram ter recebido variações de textos dizendo que
Marielle era ex-mulher do traficante Marcinho VP e que havia engravidado
dele aos 16 anos, ou, em menor quantidade, uma foto que supostamente
mostrava Marielle sentada no colo de Marcinho VP (não eram ela nem ele
na imagem).
Os boatos sobre Marielle começaram a ser espalhados pelo WhatsApp na
mesma noite em que ela foi assassinada. Nos dias seguintes, foram parar
no Twitter e no Facebook. A pesquisa conseguiu identificar padrões de
distribuição, mas não a origem do conteúdo falso.
O WhatsApp, aplicativo de mensagens por celular extremamente
disseminado no Brasil, é visto como uma das redes mais propícias para a
difusão de notícias falsas. Como é um aplicativo de mensagens privadas e
não tem caráter público, é difícil rastrear as “fake news” espalhadas
ali e avaliar seu alcance, o que preocupa pesquisadores, especialmente
considerando como isso poderá ocorrer nas eleições brasileiras em 2018.
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua de
2016, do IBGE, mostram que a atividade mais popular entre os
brasileiros, ao usar a internet, é trocar mensagens por meio de
aplicativos – 94,5% dos brasileiros responderam que usam a internet para
fazer isso.
Segundo a pesquisa da USP, o boato dominante no caso de Marielle
foram variações de um texto ligando a vereadora a Marcinho VP. Foi
recebido por 916 pessoas que responderam ao questionário. Dessas
pessoas, 51% responderam ter recebido o texto em grupos de família no
WhatsApp; 32%, em grupos de amigos; 9% em grupos de colegas de trabalho e
9% em grupos ou mensagens diretas.
A imagem que mostraria Marielle no colo de Marcinho VP foi recebida
por 229 pessoas que responderam ao questionário – 41% delas disseram ter
recebido a foto em grupos de família.
Pablo Ortellado, professor do curso de Gestão de Políticas Públicas
da Universidade de São Paulo (USP) e autor do estudo ao lado do
pesquisador Márcio Ribeiro, ressalta que, apesar dos dados, não se sabe a
distribuição dos tipos de grupos no WhatsApp pela população. “Pode ser
apenas que existam mais grupos de família do que grupos de amigos ou de
colegas de trabalho e os boatos tenham circulado igualmente em todos
eles, mas, como há mais grupos de famílias, nosso estudo tenha apenas
captado essa distribuição dos grupos”, explica.
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Publicado primeiro em Portal Banda B » Grupos de família são os que mais espalham notícias falsas no Whats.
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