Elizangela Jubanski
A Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Saúde (Decrisa) da
Polícia Civil investiga um suposto caso de violência obstétrica
ocorrida dentro da Maternidade Mater Dei, no Centro de Curitiba, no
último fim de semana. Uma mulher de 37 anos e o bebê de 42 semanas de
gestação morreram dois dias após dar entrada no hospital. Por meio de
nota, o hospital confirmou que a gestante teria possível restrição de
crescimento intra-útero, mas que o quadro evoluiu para óbito fetal,
antes que entrasse efetivamente em trabalho de parto. Mesmo com o bebê
morto, a paciente foi submetida à indução do trabalho de parto normal e
não resistiu. Familiares estão chocados com a perda, alegam que o
hospital não quis realizar procedimento cirúrgico para o parto
(cesareana) e registraram Boletim de Ocorrência (BO). O caso segue sob
investigação.
Segundo o prontuário da maternidade, a gestante Sandrioni Ribeiro
Serbelo, que mora em Tunas do Paraná e já tinha passado por outros três
partos normais, foi internada na noite de quinta-feira (18) na
maternidade. A equipe de médicos passou a monitorá-la, mesmo com a idade
fetal já avançada, a chamada gestação pós-termo, com 42 semanas ou
mais, onde as chances de o bebê ter problemas começam a aumentar e, por
consequência, arriscando a vida da mãe e do bebê.
Após mais de 15 horas monitorando a gestante, o bebê parou de
apresentar sinais vitais. Dado como natimorto, a equipe médica decidiu
optar pelo procedimento que traria menos riscos à vida da mãe e melhor
recuperação pós-parto fazendo a indução do parto normal. “Entretanto, no
período do parto, apresentou quadro convulsivo e, de imediato, após o
nascimento do natimorto, teve parada cárdio-respiratória”, esclareceu.
O corpo da gestante foi recolhido ao Instituto Médico Legal (IML) de
Curitiba e deu entrada às 3h20 da madrugada de domingo (21). Já não há
descritivo sobre a entrada do corpo do natimorto no IML.
Uma prima da gestante fez um relato emocionante sobre a morte de
Sandrioni e acusou a maternidade de ter cometido um crime. “Deixar um
feto de 42 semanas morrer dentro de um hospital é inadmissível. Depois
deixar a mãe tentar o parto normal até ir a morte é crime! Negligência
merece punição!”, disse, compartilhando uma foto tirada horas antes da
confirmação de morte do bebê.
O Boletim de Ocorrência (BO) foi realizado na Divisão de Homicídios e
Proteção à Pessoa (DHPP). Para a Banda B, a Polícia Civil afirmou que
já tem conhecimento sobre o caso e investiga se houve negligência por
parte da equipe médica e violência obstétrica.
Por meio da assessoria, a PC afirmou que familiares, médicos e demais
profissionais da saúde que tiveram contato direto com Sandrione serão
ouvidos. A polícia também solicitará a requisição do prontuário médico e
do laudo do Instituto Médico Legal (IML), além de outros procedimentos
que forem necessários para o esclarecimento dos fatos. Assim que as
diligências preliminares estiverem prontas, todo o material será
encaminhado para análise, na Promotoria de Saúde Pública do Ministério
Público do Paraná (MP/PR).
Maternidade
A Banda B entrou em contato com a Maternidade Mater Dei sobre o
caso. A equipe confirmou o internamento da gestante e a morte de ambos.
Confira a nota, na íntegra:
“A Maternidade Mater Dei, por meio de sua assessoria de imprensa,
esclarece que a paciente S. R.S, 37 anos, em período final de gestação,
deu entrada na instituição no dia 18 de maio às 21h42, encaminhada da
cidade de Tunas do Paraná, com possível Restrição de Crescimento
intra-útero do seu concepto, que mesmo em observação constante, o quadro
clínico evoluiu para óbito fetal intra-útero, antes que entrasse
efetivamente em trabalho de parto.
Seguindo indicação de Literatura Médica e Protocolos Obstétricos,
considerando qual procedimento traria menos riscos à vida da mãe e
melhor recuperação pós-parto, a paciente S. R.S, que já havia passado
por três partos normais anteriores, foi submetida à indução do trabalho
de parto normal. Em todo o período de dilatação teve o acompanhamento
constante dos profissionais de saúde da maternidade e de familiar, com
boa evolução, níveis tensionais normais, sem intercorrências.
Entretanto, no período do parto, apresentou quadro convulsivo e, de
imediato, após o nascimento do natimorto, teve parada
cárdio-respiratória. Infelizmente, apesar de todo o esforço da equipe
médica e de enfermagem, com tentativas frustradas de reanimação e de
medidas recomendadas para o caso, a mesma evoluiu com óbito, às 22h45 do
dia 20/5/17, com causa básica indeterminada.
A paciente S. R.S foi encaminhada para o IML (Instituto Médico Legal)
para a apuração da causa real do acontecido. A Maternidade Mater Dei
reforça que não mediu esforços para salvaguardar a vida da mãe e do bebê
e lamenta as tristes perdas e coloca-se à disposição da família para
quaisquer esclarecimentos.
A Mater Dei, maternidade que mais faz partos pelo SUS no Paraná, é
integrante dos programas Mãe Curitibana e Mãe Paranaense, seguindo
protocolos recomendados por estes programas e referendados pelo
Ministério da Saúde e Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia.
A Maternidade está entre as Instituições do programa com menores taxas
de mortalidade infantil nos últimos anos. Dr. Sidney José Salvador –
Diretor Técnico – HNSG- Maternidade Mater Dei”.
BANDA B..
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