Não havia bola rolando no estádio Atanasio Girardot, a casa do
Atlético Nacional, em Medellín. Mesmo assim, milhares de pessoas se
vestiram de verde e branco e foram nesta quarta-feira ao palco onde
seria disputada a primeira partida da decisão da Copa Sul-Americana para
prestar uma emocionante homenagem para a Chapecoense e para as vítimas
do acidente aéreo que matou 71 pessoas.
Dentro do estádio, 45 mil pessoas, muitas flores, velas e cartazes.
Do lado de fora, outra multidão, estimada em cerca de 100 mil pessoas
pelas agências internacionais, que não conseguiu entrar no estádio, mas
seguiu nos arredores do local, acompanhando o ato por televisores ou
ainda por emissoras de rádio.
No começo da cerimônia, 71 pombas foram soltas e voaram, lembrando
cada uma das pessoas que perdeu a vida no acidente. Outro momento
emocionante foi na hora da execução dos hinos da Colômbia e do Brasil,
que foi muito aplaudido. Participam da cerimônia toda a delegação do
Atlético Nacional, os ministros das Relações Exteriores e Cultura, José
Serra e Roberto Freire, assim como os prefeitos de Medellín, Federico
Gutiérrez, e de Chapecó, Luciano Buglion.
Em seu discurso, o ministro José Serra, com voz embargada e sem
esconder as lágrimas, agradeceu a solidariedade dos colombianos, do povo
de Medellín e ao Atlético Nacional ao falar sobre a tragédia. “Muito
obrigado, Colômbia. De coração. Muitíssimo obrigado neste momento de
tristeza imensa para as famílias e para nós todos pela solidariedade que
aqui encontramos”, disse Serra.
“A solidariedade que cada um de vocês colombianos e fãs do Atlético
Nacional traz nos oferecem consolo. Uma luz na escuridão, quando todos
estamos tentando entender o incompreensível”, continuou o ministro. “Nós
brasileiros não vamos nos esquecer jamais de como vocês sentiram como
se fosse de vocês o terrível desastre que interrompeu o sonho dessa
heroica equipe da Chapecoense. Assim como não esqueceremos a atitude do
Atlético Nacional e de todos que pediram que se conceda o título da Copa
Sul-Americana a Chapecoense”.
“Não deve ser uma casualidade que as cores da Chapecoense e do
Atlético Nacional sejam a verde e a branca, cores da esperança e da paz.
A solidariedade nesta tragédia que vitimou também jornalistas e membros
da tripulação mostram a importância da nobreza do esporte como
catalisador e arma na construção um mundo melhor. Em cada um de você seu
queria dar meu abraço muito apertado. Quero dizer que em toda a minha
vida, não tive uma emoção semelhante. Muito obrigado, Colômbia”,
encerrou o chanceler.
A multidão, a grande maioria vestida de branco, respeitou um minuto
de silêncio. Ao término, e com vários dos presentes às lágrimas, os
colombianos surpreenderam com o grito de “Vamos, vamos Chape”, da
torcida do time catarinense. Outro cântico emocionante dizia “Que se
escute / Em todo o continente / Sempre recordaremos / A campeã
Chapecoense”.
Diversas faixas com dizeres como “Somos todos Chapecoense” e “uma
nova família nasce”, com o distintivo da equipe brasileira, foram
estendidas nas arquibancadas do estádio onde a Chapecoense disputaria a
primeira partida das duas mais importantes de seus 43 anos de história.
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