Por Maisy Pires e Flávia Barros
Uma jovem de 19 anos, grávida de 39 semanas, perdeu o bebê ao
descobrir, na hora do parto, neste sábado (1), que o bebê estava morto. A
gestante A.R.F. (que a família pediu para ter o nome preservado) estava
internada no Hospital do Trabalhador (HT), em Curitiba, desde a
madrugada da sexta-feira (30), quando começou a sentir as contrações.
Porém, ainda assim, os médicos decidiriam aguardar até que hoje, no
parto, o bebê já estava morto. A família acredita que houve negligência
por parte da equipe médica que teria demorado demais para fazer o parto.
O HT nega negligência e afirma que todo o procedimento seguiu as normas
médicas (ler posicionamento abaixo).
A mãe da jovem, Maria Estela Faria, contou a Banda B que a filha
estava ansiosa para a chegada da sua primeira filha. Ao descobrir que
estava grávida, A.R.F. fez todo o acompanhamento médico durante a
gestação, diz a mãe. Na quinta-feira (29), ela começou a sentir as
primeiras contrações e foi levada ao Hospital do Trabalhador. Segundo a
mãe Maria Estela, moradora do bairro Xaxim, a filha foi levada para o
hospital na madrugada da última sexta-feira (30), às 3H da manhã. “Ela
chegou no hospital com muita dor. Os médicos a atenderam, olharam as
dilatações e falaram que ainda estavam baixas, que era para ela ir pra
casa e voltar às 7H30 da manhã”, disse a avó da criança em entrevista à Banda B.
“Quando ela voltou, os médicos falaram pra ela ficar internada e
aguardar porque a dilatação era a mesma de quanto ela deu entrada horas
antes”, completou.
Durante o internamento, a médica fez exame de toque e alegou que
estava tudo bem com a mãe e a bebê, e era necessário esperar para que o
parto fosse normal. “Eu queria que fosse cesária, pois não aguentava
mais esperar. Mas a médica falou que estava tudo bem com as duas e o
parto seria normal”, salientou Maria.
Desesperada, a avó da criança pediu pela cesariana porque a filha
estava no hospital por mais de 24 horas. “Eu não aguentava mais, pedi
por favor pela cesariana. Eu já estava sentindo as dores da minha filha.
Dores na barriga, dores nas costas. Eu sabia que tinha algo errado, mas
os médicos alegavam que estava tudo bem”, contou.
Na manhã deste sábado (1), ao realizar exames, os médicos constataram
que tinha algo errado. Não era possível ouvir o coração do bebê. A
jovem foi levada para o centro cirúrgico para realizar uma cesariana com
urgência, mas já era tarde. “Eu liguei pela manhã para o meu genro, mas
ele não me atendia. Eu estava sentindo que tinha alguma coisa errada.
Então, eu liguei para o tio dele para saber como minha filha e minha
neta estavam. Ele me disse que a minha filha e meu genro estavam bem,
mas não tínhamos mais a minha neta”, disse a avó.
Ao retirar o bebê, foi constatado que ela tinha se enrolado no cordão
umbilical e engolido as próprias fezes. “Eu falei para fazer a
cesariana, mas demoraram muito. Ela nasceu morta. Eu vi a minha neta lá
onde deixam os bebês que morrem. Ela era linda, fofa, parecida com o meu
genro e a minha filha, mas ela não vai voltar”, disse Maria,
emocionada. “Mas ela fez a gente abrir os olhos e denunciar. Denunciar
os médicos que forçam o parto normal. Tem que parar de ficar insistindo
pelo parto normal e fazer o que for melhor para as gestantes”,
completou.
Outro lado
A Banda B entrou em contato com a assessoria do Hospital do
Trabalhador que informou que o procedimento adotado pelo hospital foi o
correto. Segundo a administração, o parto natural era indicado até o
limite das 7H30 da manhã deste sábado, quando foi realizado o último
exame que verificou a ausência dos batimentos cardíacos da criança. O
“nó verdadeiro do cordão”, como chamam no hospital, não tem como ser
detectado no exame de cardiotocografia, e foi isso que aconteceu com a
criança. A paciente está sendo acompanhada pela equipe do Serviço Social
do Hospital.
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