Meus irmãos e minhas irmãs no Senhor Ressuscitado!
Aleluia! Jesus Ressuscitou Verdadeiramente, Aleluia!
Celebramos neste dia o mistério central de nossa vida cristã: a vitória
da graça sobre o pecado e a inauguração de um novo tempo, tempo de
graça, de santidade, de vida, vida plena e vida eterna. Tempo de
esperança e tempo de paz no Senhor Ressuscitado!
É o primeiro dia
da semana, o dia da ressurreição narrado pelo Evangelista João (20,1-9)
na liturgia de hoje. A vida venceu a morte. A ressurreição de Cristo é a
consciência dos seus discípulos de que ele vive e não é abandonado pelo
Pai, mas confirmado na vida e confirmado também na obra que ele levou a
termo.
Hoje, Deus cumpriu o que prometera aos homens:
“Ressuscitou-o [seu filho] ao terceiro dia e tornou-o manifesto...” É o
mesmo sentido que aparece no Evangelho de Emaús, lido na celebração
vespertina da missa de hoje: Jesus mesmo mostra que as Sagradas
Escrituras prefiguravam seu caminho. Mas agora, Ele vive e, quando o
pedimos, fica conosco e se nos dá a conhecer no “partir o pão”, na
celebração da comunidade cristã.
Na missa matutina, o Evangelho é
outro: a corrida de Pedro e do misterioso “discípulo amado” ao
sepulcro. Pedro tem a precedência, embora o outro impulsionado pelo
generoso amor tenha corrido mais rápido. Pedro entra primeiro e vê. O
outro vem depois: vê e crê! O amor é que faz reconhecer nos sinais da
ausência – as faixas, o sudário, a presença, transformada e gloriosa de
Cristo. “Crê, só agora, porque até então não tinha entendido as
Escrituras que significam a ressurreição de Cristo dos mortos ao
terceiro dia”.
Meus irmãos,
Celebramos hoje o grande
milagre da nova criação. Domingo é o dia do Senhor, o “Dies Domini”. A
ressurreição de Jesus, como também a nossa ressurreição, é assunto de
fé. Pode-se buscar explicações e conveniências. Elas estarão sempre
aquém do fato divino. É diferente do brotar do trigo no campo e dos
astros que se mantém no espaço. Porque eles tem explicações. A Páscoa
não se explica. A Páscoa se crê. É o maior dos milagres. Só a fé é capaz
de assimilá-lo.
Diante do milagre, as palavras se apequenam.
Compreende-se a sobriedade dos Evangelistas em narrar a Páscoa. No
Evangelho de hoje está acentuado o ver. Viu Maria Madalena, viu Pedro,
viu João. E João completa: “Viu e acreditou” (Jo 20, 8). O verbo ver, no
Evangelho de hoje, tanto o ver físico, quanto o ver espiritual, carrega
em si as sementes do crer e faz brotar a fé.
Por isso, todos nós
somos convidados a ver, a crer e a compreender a Escritura. A escritura
serve de base e garantia lídima de nossa fé. A garantia da verdade não
são os olhos que vêem, nem a mente e o coração que compreendem. A
Palavra de Deus é segura: “Eterna e estável como os céus é a tua
Palavra, Senhor!” (Sl 119, 89).
Meus irmãos,
No Cristo
Ressuscitado renascem o novo homem e a nova mulher, e com eles a nova
criação. A grande e secreta esperança da humanidade se realiza. Livres
do que poderia nos manter escravos de nós mesmos e de nossos caprichos,
livres também daqueles que nos manteriam escravos de seus próprios
planos opressores, podemos marchar para a vida, num novo êxodo. Estamos
livres para amar e para cantar com a Liturgia deste dia Santo: “Cantai,
cristãos, afinal! Salve, ó vitima pascal! Cordeiro inocente, o Cristo,
abriu-nos do Pai o aprisco!” Cristo nos faz novas criaturas e no Batismo
somos imersos nesta vida nova que nos vem dele.
Nossa vocação é
crescermos em Cristo, em direção a esse homem/mulher novo, livre,
maduro, puro e lindo, tal como o Criador nos pensou desde a eternidade.
Reassumir como novo vigor a nossa vocação batismal é um compromisso
irrecusável nesta Páscoa.
Já temos a certeza que Cristo venceu.
Agora só nos resta viver e celebrar essa vitória na esperança de que
também nós venceremos, chamados que somos à luz, à vida, à liberdade, à
alegria imorredoura.
Meus irmãos,
Se é verdade que a
ressurreição é obra exclusiva de Deus, é também verdade que ela tem a
ver com a vida presente, restaurada pela morte e ressurreição de Jesus.
A vida presente, modifica-se na medida de nossa fé na ressurreição. Por
isso, os Apóstolos, em suas pregações e cartas, insistiram tanto que a
vida presente deve ser pautada pela esperança da vida futura. Não como
um consolo pelas possíveis desgraças sofridas aqui, mas como um retorno
pleno à vida divina, de onde saímos.
Fomos criados por um gesto de amor. Ressuscitamos por um outro gesto de amor extremado: a morte e ressurreição de Jesus Cristo.
Ao celebramos o dom da vida, elevemos a Deus, o autor e restaurador da
vida plena, na nova vida eterna, pelo dom da nossa vida, um canto de
ação de graças, para que, configurados pela ressurreição do Salvador,
possamos ser testemunho desta luz brilhante que é o Senhor Ressuscitado!
Amém. Aleluia!
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