René Ruschel, de Carta Capital
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Poucos
políticos no Brasil têm força atualmente para romper a polarização
entre o PT e o PSDB. Um deles é o senador Roberto Requião, do PMDB.
Embora um aliado crítico dos petistas, Requião decidiu bagunçar o
cenário da eleição no Paraná, que caminhava para uma disputa entre o
tucano Beto Richa, atual governador, e a ex-ministra petista Gleisi
Hoffmann. “Tenho quatro anos e meio de mandato no Senado. Estou muito
satisfeito em Brasília, mas quando vi a bagunça que esses meninos
inexperientes e irresponsáveis fizeram com o meu estado, senti a
obrigação de colocar meu nome à disposição do partido”, afirma.
Por
319 votos a favor e 250 contra, Requião foi aclamado candidato do
partido na convenção da sexta-feira, 20 de junho, e derrubou os
prognósticos dos analistas políticos. A tendência do PMDB local era
apoiar a reeleição de Richa, que tinha o apoio de um grupo de dez
deputados estaduais da legenda. Por causa dessa aliança, iniciada em
2011, quando o tucano tomou posse, o Executivo nunca perde na Assembleia
Legislativa. Em troca da fidelidade, o peemedebista Luís Claudio
Romanelli, nascido de uma costela de Requião, foi nomeado secretário
estadual do Trabalho. “Compor a base de apoio do governador foi uma
decisão isolada dos deputados estaduais, sem nenhuma discussão interna.
Os parlamentares aderiram ao governo em busca de melhores perspectivas
para a reeleição, como se o mandato fosse emprego e não uma ferramenta a
serviço do interesse público”, afirma Requião.
Outro
ponto de discórdia, além de uma surpresa pela total incoerência, foi a
posição de Orlando Pessuti, vice de Requião por dois mandatos e
governador nos últimos meses de 2010. Sob a administração Dilma
Rousseff, Pessuti integrou o conselho de administração do Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e de Itaipu, estatal de energia. No início
deste ano, deixou os cargos de olho na candidatura ao governo estadual
ou ao Senado. Em Itaipu, foi substituído pelo filho, Orlando Moisés
Fischer Pessuti. Sem espaço político no PMDB, perdeu a indicação para as
vagas, mas seu apoio continuava disputado até o último instante por
Requião e por Gleisi Hoffman. A menos de 72 horas da convenção, o
ex-governador anunciou a decisão de apoiar a coligação com o PSDB.
Perdeu também esta.
A
estratégia para reordenar o PMDB paranaense passou pela mobilização das
bases. Em 32 encontros regionais, milhares de militantes afastados do
cotidiano da legenda puderam debater e discutir os problemas do estado e
do partido. Isso reanimou uma militância antes acomodada e alijada.
“Escutar a sociedade é fundamental. Por isso, apoio o projeto da
presidenta Dilma Rousseff, que pretende organizar os movimentos
populares para servirem de interlocutores com o governo federal. Temos a
obrigação de ouvir a população”, anima-se o candidato, governador por
três vezes.
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