Nada como uma safra após a outra para mostrar que o agronegócio tem suas
reviravoltas. Neste começo de ano, cabe aos produtores de feijão
estarem mais animados com os preços de comercialização, clima estável e,
também, apostar na cultura de forma mais intensiva em decorrência do
vazio sanitário que em 2017 proíbe, pela primeira vez, o plantio de soja
da segunda safra a partir de janeiro. O jeito então, em algumas
regiões, é apostar na safra da seca, com o plantio iniciando entre
janeiro e fevereiro. Já a safra das águas começou em agosto e está em
fase de colheita, com cerca de 28% realizada até o momento no Paraná.
Os
números do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de
Agricultura do Paraná (Seab) provam o bom ritmo do feijão no Paraná,
geralmente dividido no Estado em 60% com as variedades cariocas e, 40%,
de preto. A expectativa é que a safra total 2016/17 atinja a marca de
766 mil toneladas da leguminosa, aumento significativo de 30%, contra
593 mil toneladas do ano passado. Além disso, a área representa um
aumento de 8% e a produtividade, pode atingir a marca de 20% de
incremento.
Na primeira safra – das águas – a produção deve
atingir a marca 348 mil toneladas, elevação de 18%, numa área de 197,1
mil hectares, sendo 150 mil hectares apenas na região Sul. "Ano passado
tivemos uma quebra muito grande devido ao fenômeno El Niño, que trouxe
chuvas recorrentes, perda de produtividade e de qualidade. Agora,
acredito que conseguiremos ganhos neste sentido", explica o engenheiro
agrônomo do Deral, Carlos Alberto Salvador.
Durante a colheita, o
indicativo geral das regiões é uma menor frequência de chuvas,
responsáveis pelas doenças fúngicas, como a antracnose, que ataca ramos,
folha e vagem e também a mancha angular. "O feijão não pode pegar
precipitações na colheita, a lavoura úmida traz essas doenças, além de
gerar a brotação dos grãos".
Se a primeira safra está passando
sem muitos sustos em boa parte das regiões de plantio, na segunda e de
maior volume, a situação pode ser ainda melhor. A expectativa é de uma
área de 226,3 mil hectares, alta de 11%. Só no Sudoeste, o incremento
foi de 25%, de 62,9 mil para 78,5 mil hectares. Pato Branco, por
exemplo, responde por 60 mil hectares nessa região, um aumento de 20%
comparado à safra passada. Já a produção deve chegar a 417,5 mil
toneladas, um aumento de 40% comparado aos 297,2 mil toneladas do ano
anterior. "Nesta região, boa parte dos produtores que apostavam na soja
safrinha devem migrar para o feijão na safra das águas. Essa mudança no
vazio sanitário está diretamente ligado a esse incremento".
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