Depois de várias tentativas de negociação com o governo, os professores e
funcionários da rede estadual de ensino decidiram aceitar a última
proposta apresentada e encerraram a greve da categoria – que completou
46 dias nesta terça-feira (9). O reajuste inicial será de 3,45% e será
pago em outubro. O acordo ainda prevê um plano de reajuste até 2018.
Cerca de 10 mil servidores se reuniram em uma assembleia nesta manhã,
na Vila Capanema, conforme o Sindicato dos Trabalhadores em Educação
Pública do Paraná (APP-Sindicato). "Nós vamos voltar ao trabalho de
cabeça erguida, andar em cada rua desse estado podendo olhar para cada
cidadão com toda a dignidade", disse o o presidente do sindicato, Hermes
Leão.
Ainda de acordo com Hermes, com o fim da greve, os quase um milhão de
alunos, que estão sem aula desde o dia 25 de abril, retornam às salas de
aula nesta quarta-feira (10).
"Nossa maior preocupação agora é com relação à reposição. Não sabemos
ainda se conseguiremos cumprir até 23 de dezembro. Vamos avaliar a
melhor forma de resolver isso junto, até mesmo, com os próprios
estudantes".
A secretária de Educação Ana Seres Comin informou que serão elaborados
os calendários de reposição de aulas a serem homologados pelos Núcleos
Regionais de Educação (NREs). Segundo ela, serão cumpridos os 200 dias
letivos e as 800 horas, conforme previsto na Lei de Diretrizes e Bases –
LDB.
"Eu vejo com orgulho a nossa capacidade de lutas em não aceitar
qualquer coisa. E queremos deixar bem claro que nós vamos ficar
monitorando o governo durante quatro anos, dia e noite. Se atacarem
qualquer direito ou descumprir qualquer compromisso, esse formigueiro
entrará em movimento imediatamente", acrescentou Hermes.
O acordo
O pedido de reajuste salarial foi um dos principais entraves da greve.
Desde o início, a categoria pedia aumento de 8,17%, por conta da
reposição da inflação.
No entanto, a proposta do governo que foi aceita pelos professores
prevê o pagamento de 3,45% que é referente à inflação entre os meses de
maio, quando vence a data-base da categoria, e dezembro de 2014.
Em janeiro de 2016, os servidores devem receber um novo reajuste, com a
inflação acumulada em 2015, mais um ponto percentual. A mesma medida
deve ser tomada em janeiro de 2017.
Em maio de 2017, os servidores ainda devem receber um novo aumento, em relação ao primeiro quadrimestre do ano.
Já em 2018, a data-base voltará para o mês de maio, quando será paga a inflação acumulada no último período.
Além do reajuste, os servidores também exigiram que os dias de falta
durante a greve não sejam descontados. Na segunda-feira (8), em reunião
entre representantes do Sindicato dos Trabalhadores da Educação do
Paraná (APP-Sindicato) e da Secretaria de Educação, o governo se
comprometeu a não descontar as faltas dos meses de maio e junho, desde
que haja reposição das aulas e compensação da carga horária dos
funcionários.
Sobre as faltas de abril, que já foram lançadas, o governo afirmou que
irá reembolsá-las a partir do momento em que forem entregues os
relatórios mensais de frequência, e forem homologados os calendários das
unidades escolares. Esta é a segunda paralisação da categoria, a
primeira aconteceu em fevereiro.
Um dos fatos mais marcantes desta paralisação aconteceu no dia 29 de
abril, quando a Polícia Militar (PM) entrou em confronto com grevistas e
outros manifestantes, que protestavam em frente à Alep, deixando mais
de 200 pessoas feridas. Esta foi a segunda paralisação da categoria
neste ano. A primeira aconteceu em fevereiro e atrasou o início do
calendário escolar em 29 dias.
Proposta rejeitada pelo governo
Esta foi a segunda proposta elaborada na Assembleia Legislativa para
solucionar o impasse entre governo e servidores. Na primeira versão, o
objetivo era que o governo pagasse 3,45% do reajuste no mês de outubro, e
os 4,72% restantes em dezembro – zerando assim as perdas inflacionárias
do período (8,17%). O governador, porém, rejeitou a proposta.
Com as informações da G1..