O governo decidiu hoje (3) desligar as usinas térmicas com custo de geração acima de R$ 420 por megawatt-hora (MWh).
A
decisão vai permitir que, a partir do mês que vem, seja adotada a
bandeira amarela no sistema de bandeiras tarifárias, o que significa
acréscimo de R$ 1,5 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.Atualmente, a bandeira aplicada é a vermelha, patamar 1, com acréscimo de R$ 3 a cada 100 kWh.
A
decisão tomada nesta quarta-feira pelo Comitê de Monitoramento do Setor
Elétrico (CMSE) permite o desligamento de sete usinas térmicas com
capacidade de geração de cerca de 2 mil megawatts em geração térmica a
partir de março.
Segundo
o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, a medida vai permitir uma
redução do custo do setor elétrico de R$ 720 milhões por mês em 2016.
Ele disse que é possível ser adotada em abril a bandeira verde, na qual
não é cobrado nenhum adicional na conta de luz.“Ainda
não é prudente anunciar a bandeira verde para abril, mas todos os
estudos mostram que essa é uma possibilidade real”, afirmou.
O
ministro destacou que todas as decisões estão sendo tomadas de forma
prudente. “Essa decisão é absolutamente segura para que possamos chegar
em novembro com uma capacidade de armazenamento de energia bem melhor do
que aconteceu em novembro de 2015.”
Segundo
Braga, a queda da tarifa neste ano deve ser de pelo menos 7% , levando
em conta também a redução do valor da Conta de Desenvolvimento
Energético, aprovada ontem (2) pela Aneel.
Em
agosto, o CMSE já tinha determinado o desligamento de usinas térmicas
com custo de geração acima de R$ 600 MWh. A medida permitiu que a
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) reduzisse o valor da
bandeira tarifária vermelha de R$ 5,50 para R$ 4,50 para cada100
quilowatts-hora consumidos. Recentemente, a Aneel criou um novo patamar
de bandeira tarifária vermelha, que custa R$ 3 para cada 100 kWh.
A
decisão foi tomada após análise do comitê de que a situação dos
reservatórios das hidrelétricas está mais favorável. De acordo com dados
do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o nível dos
reservatórios do Subsistema Sudeste/Centro-Oeste, que é responsável por
cerca de 70% do armazenamento de água para geração de energia no país,
está em 45% atualmente. Em fevereiro do ano passado, o nível estava em
20,5%. Segundo O CMSE, o risco de déficit de energia no país é zero nos
subsistemas analisados.
Com
a falta de chuvas registrada nos últimos anos, o governo vem mantendo a
maior parte das usinas termelétricas acionadas para garantir que não
falte energia para o país. Sem água nos reservatórios, as usinas
hidrelétricas não conseguem gerar toda energia possível, e pode haver
desabastecimento. No entanto, a energia térmica é mais poluente e mais
cara que a gerada por hidrelétricas, e o custo acaba sendo repassado
para os consumidores.
O
Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico foi criado em 2004 para
acompanhar a continuidade e a segurança do suprimento de energia no
país. Participam do grupo representantes de órgãos como o Ministério de
Minas e Energia, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o
Operador Nacional do Sistema Elétrico, a Empresa de Pesquisa Energética
(EPE), a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
(ANP) e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
SABRINA CRAIDE.