Chuvas abundantes e frequentes estão dificultando a colheita de soja
no Paraná. De acordo com o Departamento de Economia Rural (DERAL),
vinculado a Secretaria de Agricultura do Paraná, apenas 1% dos 4,5
milhões de hectares de soja foram colhidos até o momento. No entanto,
26% das lavouras já estão em fase de maturação, ou seja, são 1,2 milhão
de hectares prontos para serem colhidos. “Inclusive há registros
pontuais de campos que estão sendo perdidos e deverão ser incorporados
ao solo porque os grãos já perderam a qualidade industrial”, relata
Margorete Demarchi, Área de Conjuntura Agropecuária do Deral.
Na sua avaliação, as chuvas prejudicam a soja, mas interferem ainda
no cultivo do milho safrinha. As chuvas que estão atrasando a colheita
de soja, influenciaram inclusive a decisão do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento em ampliar o prazo de plantio do milho
safrinha nas principais regiões produtoras do Estado. A medida foi
publicada no Diário Oficial da União na último dia 16 de fevereiro, em
forma de portaria ministerial e será válida para 10 ou 20 dias,
dependendo do tipo de solo de cada município e do ciclo da cultivar a
ser semeada.
“Percebemos que cada vez mais o produtor tem antecipado o cultivo da
soja para, posteriormente, entrar com a segunda safra de verão, o milho
safrinha”, diz Margorete. Dados da Seab mostram que o histórico de
cultivo de soja no Paraná sempre foi de cerca de 25% em outubro e quase
todo o restante semeado em novembro. “Nesta safra, registramos 47% do
cultivo em outubro. As regiões onde o produtor plantou mais cedo são as
mais prejudicadas pelas chuvas: oeste e norte do Estado”, avalia.
Além das perdas em quantidade, se as chuvas persistirem, o produtor
de soja do Paraná poderá perder também em qualidade dos grãos. “O
excesso de umidade pode aumentar o índice de grãos ardidos (infectados
por fungos), a soja fica menos densa (peso menor) e pode ser maior o
índice de acidez, o que significa que o óleo é de menor qualidade, além
de ter a qualidade da proteína afetada”, explica o pesquisador José de
Barros França Neto, da Embrapa Soja.
As estações meteorológicas do Simepar mostram que em regiões
importantes para a cultura da soja no Estado choveu, na primeira
quinzena de fevereiro, mais que a média histórica do mês (situada entre
150 a 200 mm). Em Campo Mourão, choveu 207 mm; em Cascavel, 212 mm; em
Maringá, 300 mm e em Toledo, 232 mm “A ocorrência de chuvas freqüentes e
diárias é um dos fatores que está prejudicando a colheita”, avalia,
França Neto. “Os solos argilosos, comuns do Paraná, ainda apresentam um
agravante, exigem entre 1 e 2 dias sem chuva para que as máquinas possam
entrar na lavoura e iniciar a colheita”, ressalta o pesquisador.
As informações são da assessoria de imprensa da Embrapa Soja.
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