Em
reunião ocorrida em Brasília na manhã desta terça-feira, 22, dirigentes
do PT avisaram o deputado licenciado André Vargas (PT-PR) que, se ele
não renunciar ao mandato, será expulso do partido. Vargas resistiu e
desafiou a cúpula petista. "Não renuncio. Agora vou até o fim e vou
fazer o meu sucessor na vice-presidência da Câmara", afirmou, numa
referência ao deputado Luiz Sérgio (RJ).
Ed Ferreira/Estadão
O
presidente do PT, Rui Falcão, disse a Vargas que as denúncias de
irregularidades envolvendo o nome dele desgastam ainda mais a imagem do
partido, já abalada com o escândalo do mensalão. "Você já deveria ter
renunciado para evitar tudo isso", afirmou Falcão, em tom duro.
A
reunião, na sede do PT, foi marcada pela tensão. A portas fechadas, o
presidente do PT pediu a Vargas que abra mão do mandato para não
prejudicar o partido e as campanhas eleitorais de Alexandre Padilha ao
governo de São Paulo; de Gleisi Hoffmann à sucessão no Paraná e da
própria presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição.
Diante
da resistência de Vargas - que levou para a reunião os deputados José
Mentor (SP) e Luiz Sérgio (RJ) -, dirigentes petistas deixaram claro não
haver dúvida sobre sua expulsão do PT, uma vez que o caso já está com a
Comissão de Ética da legenda.
Vargas
também é alvo de processo no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da
Câmara, que investiga suas ligações com o doleiro Alberto Youssef, preso
pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, por suspeitas de lavagem
de dinheiro e outros crimes.
"Nós
sabemos que você não vai conseguir sustentar sua versão dos fatos no
Conselho de Ética e no plenário da Câmara", disse Falcão a Vargas. "Ele
tem o direito de se defender e nós vamos ajudá-lo", rebateu Mentor.
Nos
bastidores do partido e do governo, Luiz Sérgio, Mentor e o deputado
Cândido Vaccarezza (SP) são chamados de "tropa de choque" de Vargas.
Protelação. A
pedido do deputado licenciado, o petista José Geraldo (PA) apresentou,
na tarde desta terça, pedido de vista no processo disciplinar contra o
ex-vice-presidente da Câmara. Com a manobra, ele conseguiu ganhar tempo e
adiar a análise do caso para o dia 29.
Pressionado
pelo PT e por ministros, Vargas só renunciou até agora à
vice-presidência da Câmara. Integrante da corrente "Construindo um Novo
Brasil", majoritária no partido, ele está disposto a fazer de Luiz
Sérgio o seu sucessor, desafiando o grupo de Rui Falcão, que prefere no
cargo o deputado José Guimarães (PT-CE).
Ainda
nesta terça, Falcão fará relato da conversa com Vargas à presidente
Dilma, com quem se reunirá à noite, no Palácio da Alvorada, juntamente
com outros coordenadores da campanha.
Para
o líder do PT na Câmara, Vicente Paulo da Silva (SP), o Vicentinho,
Vargas está cometendo um "grande erro" ao expor o partido, o governo e
seus candidatos. "Ele vai ficar sangrando em praça pública", disse
Vicentinho, que também participou da reunião de hoje com Vargas.
"Esperamos que ele volte atrás."
Um comentário:
O PT só quer desvincular-se da imagem altamente negativa que hoje André Vargas expõe. Não é por ética, nem por decência, muito menos porque seja uma agremiação política decente. É tão somente porque o antigo aliado já lhe provoca mais prejuízo do que benefício. Um saiu, mas tantos outros comparsas permanecem, saqueando e mutilando a Nação.
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