José Aparecido Gomes dos Reis completaria 47 anos na próxima
terça-feira, dia 23 de janeiro. Ele foi uma das cinco vítimas que
morreram carbonizadas, na Linha Verde, no bairro
Pinheirinho, em Curitiba. Visto pela família como um homem tranquilo,
humilde, de sorriso fácil e muito trabalhador, José teve o destino
cruzado – há 76 dias – com o de um jovem motorista embriagado,
recentemente amparado pela 2ª Vara do Júri de Curitiba. De lá, apenas na
manhã deste sábado (20), a família conseguiu autorização do Instituto
Médico Legal (IML) de Curitiba para liberar o corpo e prestar as últimas
homenagens ao trabalhador, em um sepultamento rápido devido ao estado
de decomposição.
Com os papéis em mão, no estacionamento do IML, e à espera da
funerária, a irmã de José, Clarice Braga, lamentou o processo
burocrático na liberação do corpo. “Depois de três meses nós conseguimos
isso, com muita luta, muita gente ajudando e, graças a Deus, ele será
enterrado. Nossa Justiça do Brasil dificulta muito a nossa vida, é muita
burocracia”, reclamou.
O sepultamento acontece às 11h30, no Cemitério Parque Senhor do
Bonfim, no bairro Guatupê, em São José dos Pinhais, na região
metropolitana de Curitiba. “Não dá nem para fazer velório porque o corpo
está em decomposição, caixão fechado”, disse a irmã.
Mas, trauma e sofrimento parecem não ter fim às famílias das
vítimas. Douglas Henriques da Costa Gomes, de 21 anos, o motorista do
Citroen C4 que causou o acidente, conseguiu autorização da Justiça, na
última semana, para responder ao processo em liberdade. “Eu queria
mandar um recado pra esse juiz. Queria perguntar se fosse com a família
dele isso ia acontecer? Se ele ia liberar? Onde já se viu uma pessoa
matar cinco pessoas e ficar impune e o juiz liberar pra ele ficar em
liberdade. Meu Deus, isso não é justo, nunca vi na vida uma coisa
dessa”, se revoltou Clarice, em entrevista à Banda B.
O acidente
Três colegas de uma transportadora saíam do trabalho e seguiam para
casa em um Corcel na Linha Verde, no bairro Pinheirinho, quando o
Citroen perdeu o controle, invadiu a pista contrária e bateu contra o
veículo domingo, 5 de novembro. Os dois carros pegaram fogo e todas as
vítimas tiveram os corpos carbonizados.
No Corcel, três pessoas morreram: o motorista José Aparecido Gomes
dos Reis, 46 anos, e os passageiros Douglas Santos, 23, e Gabriel
Cardoso de Lima, 20. Eles voltavam de uma transportadora, onde
trabalhavam, no momento do acidente. No Citroen, o motorista e causador
do acidente sobreviveu. Lucas Batista dos Santos, 24 anos, e Douglas
Eduardo da Silva Miranda, 20, não conseguiram sair do veículo e também
morreram.
Douglas Henriques da Costa Gomes, de 21 anos, permaneceu com mandado
de prisão em aberto por cerca de dois meses e foi considerado foragido
pela polícia. Recentemente, a defesa conseguiu uma manobra jurídica,
acatada pela 2ª Vara do Júri de Curitiba, que determina a liberdade
dele, enquanto o processo corre na Justiça.
Bebida
Imagens divulgadas pela Polícia Civil mostram o motorista do Citroen
C4 com uma garrafa de cerveja na mão dentro da casa noturna que
frequentou antes de causar a batida. Ele chegou a prestar depoimento na
Delegacia de Delitos de Trânsito (Dedetran) e disse que não havia
ingerido álcool na balada, mas que usou a comanda apenas para pegar
bebidas para os três amigos, que voltavam para casa com ele no momento
da ocorrência.
Na delegacia, o delegado Anderson Franco, responsável pelo caso,
disse que as versões do motorista e dos amigos para o acidente eram
conflitantes.
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